Cinco pontos importantes que influenciarão as estratégias de missão da Igreja Adventista.
Por Gary Krause
Em 15 de novembro de 2022, o choro de um bebê recém-nascido em algum lugar da Terra indicou que o planeta havia chegado à marca de 8 bilhões de habitantes. Provavelmente, segundo as tendências, o bebê tenha nascido em algum lugar da África. Especialistas dizem que até 2050, a maior parte do crescimento populacional do mundo acontecerá em apenas oito países: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Tanzânia, Índia, Nigéria, Paquistão e Filipinas.
Os dados demográficos podem ser alucinantes. Considere a ilha de Java. Essa ilha da Indonésia é relativamente pequena e tem 145 milhões de habitantes. Sua população é maior do que o número de habitantes da maioria dos países do mundo. Pense em Uttar Pradesh, apenas um dos 28 estados da Índia, onde está localizado o Taj Mahal. Se esse estado fosse um país, seria o quinto mais populoso do planeta!
O PODER DAS CIDADES
Os pesquisadores afirmam que, em 2009, o centro de gravidade demográfica do mundo mudou para sempre. Pela primeira vez, a maioria das pessoas passou a morar em cidades. Em 2050, duas em cada três pessoas morarão nelas. Elas cobrem apenas 3% da superfície do planeta, mas seu poder e sua influência dominam o mundo. Por exemplo, a área que se estende de Boston até Washington D.C. é relativamente pequena, mas considere seu impacto em quatro áreas:
Educação. É um epicentro educacional em que se localizam centenas de faculdades e universidades, entre elas, Harvard, Yale e Princeton. Isso é importante, porque o que é ensinado nas universidades estabelece a agenda da cultura popular e influencia a vida das pessoas.
Economia. Nenhuma megalópole do mundo tem uma produção econômica maior do que a dela. É a sede das principais empresas financeiras e abriga um terço das organizações que são parte das 500 maiores fortunas do mundo.
Informação e entretenimento. É a sede das principais redes de TV norte-americanas e de alguns dos conglomerados de mídia mais influentes do mundo.
Política. É o berço de entidades políticas como a Casa Branca, o Capitólio e as Nações Unidas. As decisões de alguns poucos afetam a vida de bilhões de pessoas em todos os lugares.
Analise também a influência dos centros de entretenimento urbano e de mídia da Califórnia:
Hollywood. Em Los Angeles, situados em apenas alguns quilômetros quadrados, estão os estúdios Universal, Walt Disney, Warner Brothers e Paramount, entre outros. Os programas de TV e filmes produzidos nessa pequena região são assistidos em todo o mundo, desde grandes cidades asiáticas até pequenos vilarejos africanos.
Vale do Silício. Algumas centenas de quilômetros ao norte de Hollywood está o Vale do Silício, em São Francisco. Esse pequeno espaço urbano abriga as sedes de empresas gigantescas de tecnologia e mídia social como Twitter, YouTube, Instagram, Facebook, WhatsApp, Alphabet e Apple. Você consegue imaginar o poder e a influência exercidos por essa pequena área geográfica? Se o Facebook fosse um país, seria o mais populoso do planeta.
DE OLHO NO FUTURO
Nesse cenário demográfico, podemos ver cinco tendências missiológicas fundamentais:
1. Profissão como missão. Há um reconhecimento crescente do potencial inexplorado dos centros urbanos de influência, dos “fazedores de tendas” (pessoas que usam sua profissão para trabalhar em uma área restrita do mundo e compartilhar o evangelho) e dos cristãos que redirecionam seus negócios para a missão.
As Nações Unidas recomendaram o que chamam de conceito de “cidade de 15 minutos”. O objetivo é que os residentes urbanos consigam, dentro de um raio que compreenda 15 minutos, seja a pé ou de bicicleta, ter acesso aos elementos básicos para a vida. E se os adventistas se comprometessem com um conceito semelhante? O objetivo seria ter uma igreja, um centro urbano de influência, ou um negócio de propriedade de um adventista engajado na missão, em um raio de 15 minutos de distância para qualquer pessoa que viva nas grandes cidades do mundo.
2. Missão abrangente. Esse conceito é parte de nosso fundamento como adventistas do sétimo dia. Não deve haver separação artificial entre evangelismo e cuidado com as pessoas. As duas coisas devem ser integradas em uma missão abrangente, conforme foi demonstrado por Jesus. É claro que nosso cuidado com as pessoas é independente de qualquer vínculo, e jamais deve ser condicionado ao fato de elas aceitarem Jesus ou se tornarem membros da igreja.
3. Missionários nativos. Cada vez mais, os adventistas em várias regiões do mundo estão assumindo a responsabilidade pela missão em seu país natal. Os pioneiros de Missão Global (voluntários locais) estão plantando igrejas entre o seu povo. Embora ainda precisemos de centenas de missionários transculturais, cada vez mais seu papel deveria ser o de ajudar e capacitar os obreiros locais e alcançar os grupos de pessoas “não alcançadas”.
4. Missionários do centro-sul global. O número de missionários provenientes do centro-sul global está aumentando constantemente. Se a Igreja Adventista fosse uma vila de 100 pessoas, 89 delas viriam da África, Ásia, América do Sul e Central. Aqueles a quem os missionários abençoaram no passado, agora estão saindo, cada vez mais, para abençoar outros.
5. Crescimento da população secular e pós-cristã. Em 21 de março de 2021, 46,2% das pessoas assinalaram a opção “cristã” no censo britânico. Isso significa que, pela primeira vez, menos da metade da população da Grã-Bretanha se identifica como cristã. O que ocorre na Europa é um aviso do que poderá ocorrer no restante do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, espera-se que até 2050, os sem religião sejam maiores em número do que os cristãos.
Jesus prometeu: “E será pregado este evangelho do Reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim” (Mt 24:14). Ele não disse “espero que”, “possivelmente”, ou “talvez”. Ele disse que será pregado. O Senhor nos convidou para participar de Sua missão de compartilhar amor, esperança e salvação com todo o mundo.
Ao observarmos as tendências demográficas e missionárias ao nosso redor, que sejamos como os homens de Issacar, que “sabiam discernir o tempo” (1Cr 12:32). E que o Espírito Santo nos guie para reorientar nossas prioridades de missão, adaptar nossos métodos e usar nossos recursos sabiamente.
GARY KRAUSE é diretor da Missão Adventista na sede mundial da igreja
(Artigo publicado na edição de abril de 2023 da Revista Adventista / Adventist World)