O povo de Deus está se arregimentando para cumprir a sua missão no último ato do drama da odisséia humana. E deve ser o nosso mais profundo anseio, orar e buscar com determinação a concretização da mais cara promessa de Jesus Cristo à Sua igreja – o poder do Espírito Santo como nos dias apostólicos. Apesar de nossa reconhecida necessidade, nossos passos ainda estão incertos, nossos olhos ainda vagueiam inquietos sobre as cenas interessantes do mundo, e nossa mente distraída, parece ignorar que a última noite se aproxima, para encerrar em cadeias eternas o dia da oportunidade.
Necessitamos urgentemente de um estilo de vida cristã que assimile a proposta bíblica de buscar “em primeiro lugar” o reino do Céu e a sua justiça (Mateus 6:33). Precisamos urgentemente, sim, de um projeto de vida que atenda a nossa difícil realidade e transforme nossa tediosa expectativa em fé operante e definitiva; que nos faça ver a proximidade de nosso glorioso amanhã e nos faça aceitar o desafio de apressá-lo. Precisamos de um programa pessoal de vida, no qual possamos desenvolver uma busca constante do poder do Espírito Santo através da “oração”, da “comunhão” entre os irmãos, da “perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” Apocalipse 14:12.
1. A promessa
Jesus prometeu: “Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1:8). Estas foram as últimas palavras proferidas por Ele quando esteve aqui na Terra. São palavras de despedida, mas não de separação; palavras de um “até breve”, não um “adeus”, “Vou preparar-vos lugar”, disse, mas “voltarei” (João 14:2, 3). Com esta promessa, Jesus preparou os discípulos para Sua ausência física entre eles, mas garantiu: “Não vos deixarei órfãos.” João 14:18.
Afinal, chegara o momento do Filho de Deus retornar para a destra de Seu Pai, e Suas últimas palavras são mais do que uma promessa, são mais do que uma profecia, são a segura descrição de um vindouro amanhã; transformador na vida dos discípulos e revolucionário para o mundo inteiro, com uma repercussão sem fronteiras geográficas ou cronológicas. Isso veio ocorrer dez dias depois de Sua partida na festa do Pentecostes, ocasião em que Cristo foi recebido nas cortes celestiais para Sua entronização. Enquanto tal evento tomava lugar no Céu, a terceira pessoa da divindade – o Espírito Santo – iniciava na Terra o Seu especial ministério, numa verdadeira festa de inauguração de Seu tempo: o tempo do Espírito Santo.
“A ascensão de Cristo foi, para Seus seguidores, um sinal de que estavam para receber a bênção prometida. Por ela deviam esperar antes de iniciarem a obra que lhes fora ordenada. Ao transpor as portas celestiais, foi Jesus entronizado em meio à adoração dos anjos. Tão logo foi esta cerimônia concluída, o Espírito Santo desceu em ricas torrentes sobre os discípulos, e Cristo foi de fato glorificado com aquela glória que tinha com o Pai desde a eternidade.” – Atos dos Apóstolos, 38.
Tal acontecimento, porém, deveria ainda se repetir com não menos glorioso resultado nos dias que antecipariam a volta de nosso Senhor Jesus Cristo.
“Ao avizinhar-se o fim da ceifa da Terra, uma especial concessão de graça espiritual é prometida a fim de preparar a igreja para a vinda do Filho do Homem. Esse derramamento do Espírito é comparado com a queda da chuva serôdia; e é por este poder adicional que os cristãos devem fazer as suas petições ao Senhor da seara no tempo da chuva serôdia.” – Atos dos Apóstolos, 55.
Buscar o poder do Espírito Santo, portanto, não é privilégio de grupos isolados, mas um dever de toda a igreja. Por isso estamos buscando essa especial “concessão de graça espiritual” agora. Hoje nos encontramos necessitados, e hoje mesmo queremos recebê-la. E nisso precisamos insistir de tal maneira, até que a promessa se torne um fato em nossa vida. Não desanimaremos, não desistiremos, não renunciaremos. Se a promessa é esta, se o povo é este, se o tempo é agora, apropriemo-nos da graça e participemos do refrigério da Chuva Serôdia, agora!
Estamos novamente diante da tarefa de pregar o Evangelho em uma mesma geração. A tarefa parece mais fácil diante dos meios e recursos disponíveis, além das facilidades do mundo moderno como a rapidez da comunicação, os recursos da tecnologia e da ciência, a mentalidade mais aberta, o recuo de regimes totalitários que abriram portas em todas os lugares. A era apostólica era bem mais pobre em termos financeiros e recursos humanos, entretanto, observando com a devida atenção, em pelo menos dois aspectos fundamentais e inseparáveis a igreja apostólica parece flagrantemente mais rica do que a igreja de hoje: 1) o conhecimento de Jesus, 2) e o poder do Espírito Santo.
PARA REFLETIR
Qual sua expectativa pessoal ao ler/estudar este livro?
Para quando você está esperando a chuva serôdia? Ela lhe parece próxima?
2. Uma base bíblica
“Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis Minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” Atos 1:8.
Encontra-se nas derradeiras palavras de Cristo uma significativa intenção: o trabalho missionário deveria começar por aqueles que já haviam recebido a mensagem, ou seja, por Jerusalém. Foi a partir de Jerusalém que aquela pequena congregação de cento e vinte pessoas começou a sua missão de evangelizar o mundo. Foi a partir de Jerusalém que eles começaram a testemunhar, com irresistível poder, a grande transformação operada em sua vida com o recebimento da Chuva Temporã – o Espírito Santo.
Nos últimos momentos de Cristo na Terra, Ele procurou impressionar Seus discípulos com um precioso ensino: antes de testemunhar é necessário receber poder. Receber poder é a condição, enquanto testemunhar é a consequência. Se a igreja hoje resiste em sair para testemunhar, provavelmente não é apenas porque não queira ser cooperadora de Cristo, mas porque ainda não recebeu a devida instrução e o necessário poder para fazê-lo.
As últimas palavras de Cristo nos Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e especialmente em Lucas) e no início do livro de Atos, refletem a grande preocupação com a Sua jovem igreja: a sua preparação para receber o Consolador.
No conhecido texto de Mateus 28:20, Jesus afirma:
“Todo poder Me foi dado no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do filho e do Espírito Santo. […] E eis que Eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos.”
Em Marcos 16:17 e 18, o Salvador assim Se expressa:
“Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em Meu nome expelirão demônios, falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos eles ficarão curados.”
As últimas palavras de Cristo, segundo o evangelista e historiador Lucas, são mais efetivas e mais específicas:
“Eis que envio sobre vós a promessa de Meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.” Lucas 24:49.
“E comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai, a qual, disse Ele, de Mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo, não muito depois destes dias.” Atos 1:4 e 5.
Esperar pela fé o cumprimento das promessas de Deus é algo que desafia a “paciência dos santos.” Em geral, queremos prestar alguma contribuição. Fazer algo para ajudar Deus. Os discípulos tiveram de renunciar aos seus planos e esperar com paciência, não em ociosa expectativa, mas em oração, em comunhão, em confissão dos pecados a Deus e àqueles a quem tinham ofendido. Depois de perseverarem juntos e “unânimes em oração”, prostrados em profundo exame de alma, desceu sobre eles o Espírito Santo.
“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo.” Atos 2:1-4.
Hoje não queremos mais esperar. Temos pressa. Temos urgência para trabalhar. A ordem do mundo é trabalhar, a da igreja também; mas… e orar? Quando vamos realmente começar a orar? Aquele que ora de verdade, também trabalha de verdade.
Depois, e somente depois, de receberem o batismo no Espírito Santo, eles saem para testemunhar com ousadia do amor de Deus; e o resultado é que evangelizaram o mundo numa só geração. Os dias de busca e preparo foram extremamente recompensados.
PARA REFLETIR
Você acredita que cada membro de igreja tem um papel pessoal sobre a promessa de um novo pentecostes?
Você acha mesmo que o sucesso do testemunho depende do poder?
3. Pelo caminho estreito
Por desconhecer o tempo e as profecias, levados pelo cansaço e fadiga espirituais, ou pelo simples amor ao mundo, alguns estão deixando Cristo e Sua igreja. Os motivos variam, desde as provações mais cruéis até os motivos mais banais. Muitos mergulham na mornidão e na indiferença, achando que um dia, quando quiserem, poderão voltar. Triste engano. Aqueles que se afastam de Deus, conhecendo a verdade, dificilmente encontram forças para retornar.
Nos primórdios do adventismo, Ellen G. White teve um impressionante sonho que certamente alcançará seu pleno cumprimento neste último reavivamento do povo de Deus. Ela escreveu esse sonho assim:
“Sonhei que estava com uma grande multidão de pessoas. Parte daquela assembléia apresentou-se para viajar. Tínhamos carroças abarrotadas. Caminhando nós, a estrada parecia subir. Dum lado havia um profundo precipício; e do outro, uma muralha alta, lisa e branca. […]
“À medida que avançávamos, a estrada se tornava mais estreita e íngreme. Nalguns lugares parecia tão estreita que concluímos não mais poder viajar com as carroças carregadas. Desatrelamos os animais para, com parte da bagagem, prosseguir a viagem a cavalo.
“Prosseguindo nós, o caminho continuava ainda a estreitar-se. Fomos obrigados a andar junto à muralha, para não cair do caminho estreito ao precipício. Fazendo isto, a bagagem sobre os cavalos apertava-se de encontro à parede e nos compelia para o precipício. Receávamos cair e ser despedaçados nas rochas. Retiramos a bagagem de sobre os cavalos e ela tombou no precipício. Continuamos a cavalo, receando grandemente que, ao chegar lugares mais estreitos do caminho, perdêssemos o equilíbrio e caíssemos. Em tais ocasiões, uma mão parecia tomar as rédeas e guiar-nos pelo perigoso caminho.
“Tornando-se o caminho mais estreito, vimos que não mais seria possível ir com segurança a cavalo; deixamo-los e prosseguimos a pé, em fileira, um seguindo as pegadas do outro. Neste ponto apareceram pequenas cordas que caíam do alto da alvíssima muralha; estas foram avidamente agarradas por nós para nos ajudarem a manter equilíbrio no caminho. Enquanto caminhávamos, a corda prosseguia conosco. O caminho se tornou finalmente tão estreito que concluímos poder viajar com maior segurança sem o calçado; assim, descalçamo-nos e fomos certa distância. Logo decidimos que poderíamos viajar com mais segurança sem meias; estas foram tiradas e viajamos descalços.
“Pensamos então naqueles que não haviam se acostumado com privações e agruras. Onde estavam esses tais agora? Não se achavam na multidão. Em cada mudança que fazia, alguns eram deixados atrás, e apenas permaneciam aqueles que se haviam acostumado a suportar agruras. As privações do caminho apenas faziam com que estes se tornassem mais ávidos de avançar até ao fim.
“Aumentou o nosso perigo de cair do caminho. Comprimíamo-nos à muralha branca, e não podíamos no entanto assentar bem os pés no caminho; pois era estreito demais. Apoiamos então quase todo o nosso peso nas cordas, exclamando: – ‘Temos apoio de cima! Temos apoio de cima! As mesmas palavras foram proferi- das pela multidão toda, no caminho estreito.
“Estremecíamos ao ouvir o rumor de folgança e orgia, que pare- ciam vir do abismo. Ouvimos o juramento profano, a galhofa banal, e cânticos baixos e vis. Ouvi o cântico de guerra, e a canção de dança. Ouvi música instrumental e altas gargalhadas de mistura com pragas, gritos de angústia e pranto amargurado, e ficamos mais ansiosos do que nunca por nos conservar no caminho estreito e difícil. Grande parte do tempo éramos obrigados a ficar com todo o nosso peso suspenso das cordas, que aumentavam de tamanho enquanto prosseguíamos. Notei que a bela parede branca estava manchada de sangue. Dava um sentimento de pena ver-se a parede assim manchada. Este sentimento, porém, não durou senão um momento, visto que logo achei que tudo era como deveria ser. Os que vem seguindo atrás saberão que, antes deles, outros passaram pelo caminho estreito e difícil, e concluirão que, se outros foram capazes de vencer, eles próprios poderão fazer o mesmo. E, ao sangrarem seus pés doloridos, não desfalecerão de desânimo; antes, vendo o sangue na parede, saberão que outros suportaram a mesma dor.
“Chegamos finalmente a um grande despenhadeiro, onde terminava o nosso caminho. Nada havia agora para guiar os pés, nada em que pudéssemos repousar. Devíamos então depender inteiramente das cordas, que tinham aumentado até ao tamanho de nosso corpo.
Ali estivemos por algum tempo imersos em perplexidade e angústia. Indagamos em tímido cochicho: ‘Em que estará presa a corda?’ Meu esposo estava precisamente diante de mim. Grandes gotas de suor caíam-lhe do rosto, as veias de seu pescoço e têmporas haviam crescido tanto que atingiam duas vezes seu volume usual, e ouviam-se-lhe gemidos abafados e agonizantes. O suor caía-me do rosto, e eu experimentava uma angústia tal como ainda não havia provado. Terrível luta estava diante de nós. Fracassássemos ali, e todas as dificuldades de nossa jornada teriam sido passadas em vão.
“Diante de nós, do outro lado do precipício, havia um belo campo de relva verde, de aproximadamente quinze centímetros de altura. Eu não podia ver o sol; mas raios de luz, brilhantes e su- aves, assemelhando-se ao ouro e a prata fina, rasteavam o campo. Mas ser-nos-ia possível alcançá-lo? Tal era a ansiosa indagação. Se a corda se partisse, haveríamos de perecer. Outra vez, em angustioso cochicho, foram sussurradas estas palavras: ‘Deus segura a corda. Não devemos temer’. Estas palavras foram então repetidas por aqueles que estavam atrás de nós, e acompanhadas destas outras: ‘Ele não nos faltará agora. Trouxe-nos até aqui em segurança’.
“Meu marido deu um salto sobre o medonho abismo ao belo campo além. Eu segui imediatamente. Oh, que sensação de alívio e gratidão para com Deus experimentamos! Ouvi levantarem-se vozes em louvor triunfal a Deus. Eu era feliz, perfeitamente feliz.” – Vida e Ensinos, 178-183.
Conclusão
O sonho sugere algumas aplicações: em primeiro lugar, também estamos interessados em viajar para a Nova Terra. Provavelmente temos nossas “malas” cheias de “riquezas” cuidadosamente guardadas. Talvez não se trate exatamente de riquezas materiais, que a maioria do povo de Deus não a tem, mas há o risco de termos as nossas “malas” cheias de orgulho, vaidade, egoísmo, amor próprio, autossatisfação e formalismo religioso. E agora ficamos sabendo que devemos largar essas “malas” com todos os fardos que inutilmente temos carregado, e quando o caminho de nossa jornada espiritual se tornar difícil demais para avançar, então teremos as nossas mãos livres para segurar as cordas que certamente cairão do Céu em nosso auxílio.
Devemos nos organizar como pessoas, como famílias, como pequenos grupos e como igrejas a fim de orarmos pela realidade da Chuva Serôdia, e pelo reavivamento em nossa vida. Certamente enfrentaremos dificuldades diversas e provações difíceis, a ponto de, às vezes, parecer que tudo está contra o nosso desejo e empenho de renovar a nossa fé e transformar nossa vida. E, se sangrarem os nossos pés, lembremo-nos com alegria, resignação e esperança de que outros já passaram por este caminho.
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.” Efésios 6:13.
PARA REFLETIR
Segundo este sonho de Ellen White, alguns chegarão ao Céu com os pés no chão, você já refletiu sobre isso?
Você está disposto a começar uma mudança na igreja a partir de sua vida?
Que benção esse projeto!!!
Semeamos a boa semente.
Veremos os frutos? Talvez. Mas a colheita é certa!
Abraço
Amigo Moura.
Esse foi o sonho dos pioneiros do movimento moldeira e deve ser o nosso sonho, viajarmos rumo ao céu. Não percamos de vista o céu, ainda que caia a Terra.
Testemunhar o amor de Jesus.
Deus tem misericórdia de mim, purifica o meu coração. Tudo o que desejo é fazer está viajem, seja qual for as lutas. Batiza-me com o Espírito Santo e aos meus irmãos para sermos seus instrumentos a iniciar uma verdadeira mudança na vida da Sua Igreja. Em nome de Jesus. Amém.
Estou maravilhada com o 1º capítulo deste livro e, ansiosa pelo estudo do 2º capítulo.