Alguém já disse que precisamos prestar atenção no futuro, porque é nele que vamos passar o resto de nossas vidas. Porém às vezes isso não passa de palavras para muitas pessoas que acabam ficando quase que totalmente amarradas ao presente. Ou então sonham sobre o futuro, mas não fazem nada a respeito. E assim os sonhos aparecem, no melhor dos casos, ilusão; no pior, impossíveis. Mas pensar dessa forma do futuro é um engano.
O objetivo é mostrar porque uma visão positiva do futuro é tão essencial ou mesmo essenciais para nações e organizações, corporações e comunidades, indivíduos jovens e velhos, sem deixar de fora qualquer um de nós que queira fazer uma diferença significativa no mundo.
De ato eu acredito que ter uma visão positiva do futuro, talvez seja o mais poderoso motivador que você e eu possuímos para mudanças. Agora vamos fazer uma viagem para ver como estas ideias se encaixam e como usar estas ideias para tornar as nossas organizações, as nossas famílias e a nossa vida mais ricas e mais proveitosas.
Começamos nossa viagem aqui, na Grécia, devido ao estudioso Holandês Fred Polack que escreveu o livro intitulado “Visão do Futuro”. Polack estava extremamente interessado nas relações entre as nações e suas imagens de futuro.
Ele fez uma pergunta tipo ovo da galinha: “Será que a imagem positiva do futuro de uma nação é a consequência do sucesso da nação? Ou, Será que o sucesso de uma nação é a consequência de sua imagem positiva do seu futuro?” E em busca da resposta a essa pergunta, ele estudou a literatura de muitas nações antigas e modernas para ver quão positivamente escreviam sobre seus futuros e até que ponto suas expectativas se concretizaram. O que ele encontrou se acha perfeitamente simbolizado em Atenas, no Partenon.
O Partenon foi primeiro uma visão na mente do arquiteto. Da mesma forma os gregos imaginaram o futuro de sua cultura. Como aconteceu tudo isso? Bom, os gregos começaram com os sonhos, mas então trocaram seus sonhos por algo muito mais forte – a Visão. “A Visão é o Resultado dos Sonhos em Ação”.
O que Polack descobriu em suas pesquisas foi que uma visão significativa antecede ao sucesso significativo. Em um caso após outro ele viu o mesmo padrão emergindo: Primeiro, uma visão impressionante do futuro era mostrada pelos líderes. Então, essa imagem era compartilhada com suas comunidades, as quase concordavam em apoiá-las. Então, juntos trabalhando em sintonia eles tornavam a visão uma realidade. Esse foi o caso na Grécia a 2.500 anos atrás e o mesmo aconteceu em Roma e na Espanha, em Veneza, na Inglaterra, na França.
Foi o mesmo padrão nos EUA. E ainda hoje, podemos notar o poder e a visão varrendo o mundo inteiro da Europa Oriental à Costa do Pacífico. O que me parece especialmente interessante na pesquisa de Polack, é o fato de que muitas dessas nações quando começaram sua escalada para a grandeza não contavam com recursos adequados, nem a base populacional crítica, sem uma vantagem obrigatória evidente, na verdade venceram contrariando as probabilidades, o que elas tinham de fato era uma visão profunda de seus próprios futuros. E esse é o ingrediente principal, não o único, mas o primeiro e mais importante. As nações com visão são capazes de muitas coisas. Nações sem visão estão em perigo.
Todos, em nossa vida, temos rios para cruzar, na outra margem está o nosso futuro. Às vezes as águas são tranquilas e é fácil de atravessar, mas às vezes o rio é turbulento e cheio de imprevisibilidades. Muitas vezes nesses períodos turbulentos tentamos cruzar o rio simplesmente pulando na água e começando a nadar, acabamos sendo arrastados pela correnteza e levados por água abaixo. Esperamos que o lugar em que chegarmos do outro lado valha a pena. Mas há um modo melhor de cruzar o rio tendo uma visão do nosso futuro.
Então, quando notamos a nossa visão nos saudando com a sua força positiva, ela como que nos dará uma corda para atravessarmos o rio, para nos dar um ponto de apoio enquanto estamos atravessando; e o rio vai tentar nos arrastar, nos soltar da corda, tentar nos afastar do nosso destino, não é fácil se segurar. Temos que puxar com nossos braços, pensar com nossas mentes, sentir com nossos corações, Ninguém mais pode fazer isso por nós. E embora não haja garantia de que chegaremos às nossas metas, essa corda lançada pela força de nossa visão nos oferece a melhor ligação para o futuro. E se a segurarmos firmemente em nossa mão, então, estaremos prontos para pular na água, apostando no amanhã.
“Vimos países que foram do nada a líderes do mundo. Examinamos as pesquisas sobre os ingredientes básicos que levam crianças ao sucesso. Nós visitamos um lugar onde pessoas foram submetidas a condições mais difíceis a que um ser humano pode ser sujeitado para sobreviver. E tudo isso tem uma linha comum – O poder de uma visão positiva do futuro”.
Surge o questionamento: Se funciona para nações, se funciona para crianças, se funciona para adultos, será que funciona para organizações? É claro que sim. Na verdade esta discussão é fundamental para o ser humano em todos os níveis. As organizações são um dos melhores lugares para se ver o exemplo disso porque elas têm a complexidade e o tamanho certo para efetivamente usar o poder da visão.
Então eu pergunto: O que compõe uma grande visão? Primeiro, deixe-me contar a vocês algo que não faz parte de uma visão. A visão nunca é expressa apenas em números financeiros. Esses números são sempre uma consequência de uma visão realizada. Logo, quais são os ingredientes?
- As visões precisam ser desenvolvidas por líderes. Visões não são criadas pelas massas, agora os bons líderes falam com o seu pessoal, e ouvem o seu pessoal. Veja bem, eles executam e exploram o mundo também, mas, é uma função da liderança e não dos seguidores tomar todos esses inputs, concentrá-los e transformá-los numa coerente e poderosa visão.
- As visões de um líder têm que ser compartilhada com sua equipe e sua equipe precisa concordar em apoiá-la. Se vocês tiverem compartilhado e obtido apoio, vocês terão então criado a comunidade da visão. Para as organizações, esse ato de compartilhar, cria um acordo sobre a direção. E assim que tiver um acordo quanto à direção, isso melhora a sua tomada de decisão substancialmente – porque cada decisão pode ser comparada com a direção da visão. A comunidade de visão precisa agir em conjunto para trazer a visão à realidade.
- Uma visão precisa ser abrangente e detalhada. Só as generalidades não são o bastante, “Queremos ser o número um no mercado. Queremos ser uma empresa com renome mundial. Queremos ser os maiores inovadores do nosso ramo”. – São palavras bonitas, mas isso não forma uma visão. Para se ter uma visão precisamos saber: COMO, QUANDO, POR QUE e O QUE, com precisão suficiente de modo que cada membro da comunidade da visão possa encontrar o seu próprio lugar significativo e importante dentro da visão. Cada um precisa saber como irá participar e contribuir.
- A visão precisa ser positiva e inspiradora. Uma visão para ter alcance, ela deve desafiar cada um de nós a crescer substancialmente, a ampliar suas habilidades, a alcançar além de suas capacidades. Uma visão precisa valer a pena. Quando você cria a sua visão é melhor errar para o lado do exagero, do que para a modéstia.
Certa vez me disseram que em épocas turbulentas como a que atravessamos agora, a única coisa que pode ajudá-lo são os seus valores. Eu sugeri que havia outro modo de se pensar nisso. Os valores são os instrumentos para medir se sua direção está correta. Percebe-se que O poder da visão sem os valores pode até criar uma visão que seja imoral ou antiética. Os valores impedem você de cometer esse erro. Mas os valores embora sejam essenciais à visão, não pode nos dar uma direção, só a visão pode fazer isso. É uma função a visão determinar o seu destino.
Em síntese a visão é: iniciada pelo líder; compartilhada e apoiada; abrangente e detalhada; positiva e inspiradora. Quando tiverem tudo isso junto terão a sua comunidade da visão. E assim que tiver a comunidade da visão, então terá o poder.
A história a seguir é inspirada nas obras de Loren Aisley – cientista e poeta. Destas duas perspectivas ele escreveu obras sobre nosso mundo e nosso papel nele.
“Era uma vez, um homem muito sábio, bem parecido com o próprio Aisley, que costumava ir á praia para escrever. Ele tinha o costume de caminhar pela praia antes de começar a trabalhar. Um dia ele estava passeando pela areia, ao olhar mais adiante, ele via um vulto humano que parecia estar dançando. Ele sorriu ao pensar em alguém que dançasse o dia todo. Então apertou o passo para alcança-lo. Quando chegou mais perto, viu que se tratava de um rapaz, e que o rapaz não estava dançando, mas estava se abaixando, pegando algo na areia, e cuidadosamente atirando ao oceano.
“Quando chegou mais perto ele gritou: – Bom dia! O que está fazendo? O jovem parou, olhou para ele e respondeu: – Jogando estrelas do mar de volta ao oceano. – Eu acho que devia perguntar por que está jogando estrelas do mar no oceano. – O sol está a pino e a maré está baixando, se eu não as jogar lá elas vão morrer. – Mas meu caro, você não percebe que há milhas e milhas de praia e estrelas do mar em todas elas? É impossível você fazer alguma diferença. O jovem escutou atentamente e então se curvou e pegou mais uma estrela do mar e a jogou no oceano.
“Fiz diferença para essa daí…. Sua resposta surpreendeu o homem. Ele ficou confuso, não sabia o que responder. E assim ele virou as costas e voltou para casa, para começar a escrever. O dia inteiro enquanto escrevia a imagem daquele rapaz ficou em sua mente, ele tentou ignorar, mas a visão persistia. Finalmente ao cair da noite ele percebeu que ele, o cientista, ele o poeta, havia deixado passar a natureza básica da atividade do jovem. Foi quando ele percebeu que o que o jovem fazia era uma opção por não ser um observador no universo, a apenas vê-lo. Pois ele optara para agir no universo e a fazer alguma diferença. Ele ficou envergonhado, e naquela noite foi dormir preocupado. Ao raiar da manhã, sabendo que devia fazer alguma coisa, então se levantou, vestiu suas roupas e foi à praia encontrar o jovem. E junto com ele passou toda a manhã jogando estrelas do mar de volta ao oceano.”
Percebem o que os atos daquele jovem representa? Há uma coisa muito especial em cada um de nós. Todos nós fomos dotados da capacidade de fazer alguma diferença e se pudermos como aquele rapaz nos conscientizar desse dom, conquistaremos através da força de nossas visões o poder de moldar o futuro. É este o desafio de vocês, e é também o meu desafio.
Cada um precisa achar a sua estrela do mar. E se jogarmos nossas estrelas sabiamente não tenho dúvida que o século XXI será um lugar maravilhoso.
Lembrem-se:
“Uma visão sem ação não passa de um sonho. Ação sem uma visão é só passa tempo. Uma visão com ação pode mudar o mundo”.
Joel Arthut Barker