O período que compreende as Sete Últimas Pragas faz fronteira com o tempo que encerra a graça divina, ou minis- tério sacerdotal de Cristo no Santuário Celestial, e transcorre paralelamente ao Tempo de Angústia do fiel povo de Deus. A angústia ocasionada pelas Sete Pragas, porém, supera a angústia do povo de Deus, no sentido de que os ímpios nesse tempo não contarão com a proteção divina, e tarde demais perceberão que aquele a quem serviram não tem misericórdia nem poder para livrá-los.
É exatamente neste período que ocorre a maior inversão nos valores, nos padrões de comportamento, na direção da vida e no próprio destino. Na realidade, será uma correção destes valores e padrões alterados desde o Éden, pela restauração da Criação e instauração da ordem divina.
No momento em que os ímpios estão a desdenhar, desprezar e acossar o povo remanescente, Deus intervém, de forma pode- rosa e aterradora, a fim de não deixar dúvida de quem parte esta intervenção e a favor de quem ela é feita. Não suportando mais o sofrimento angustiante de Seu povo, o Senhor dos Exércitos invade a história, salvando a igreja e entregando os ímpios às consequências de sua própria escolha. Não será fácil viver neste tempo.
Quando a porta da graça se fechar, os juízos de Deus começarão a cair sobre a Terra. O Espírito Santo de Deus cessará de interceder junto ao coração dos ímpios, que serão entregues a Satanás. Com liberdade para agir, ele dará livre curso ao seu hediondo governo de inveja, ciúme, orgulho e desobediência. Para o mundo é o início do caos; é o início do fim.
“Mas, enquanto Jesus permanece como intercessor do homem no santuário celestial, a influência repressora do Espírito Santo é sentida pelos governantes e pelo povo.” – O Grande Conflito, 610.
“Retirando-Se Jesus do lugar santíssimo, ouvi o tilintar das campainhas sobre as Suas vestes; e, ao sair Ele, uma nuvem de trevas cobriu os habitantes da Terra. Não havia então mediador entre o homem culpado e Deus, que fora ofendido. Enquanto Jesus permanecera entre Deus e o homem culposo, achava-se o povo sob repressão; quando, porém, Ele saiu de entre o homem e o Pai, essa restrição foi removida, e Satanás teve completo domínio sobre os que afinal não se arrependeram.” – Primeiros Escritos, 280.
1. Os quatro ventos
Antes, porém, de findar o Tempo da Graça, Jesus Cristo tenta de todas as formas redimir aqueles que se inclinam ao convite da salvação.
Em visão, Ellen White contemplou um quadro comovente:
“Vi quatro anjos que tinham uma obra a fazer na Terra e estavam em vias de cumpri-la. Jesus estava vestido com trajes sacerdotais. Ele olhou compassivamente para os remanescentes, levantou então as mãos, e com voz de profunda compaixão, exclamou: ‘Meu sangue, Pai, Meu sangue! Meu sangue!’ Vi então que, de Deus que estava assentado, sobre o grande trono branco, saía uma luz extraordinariamente brilhante e derramava-se ao redor de Jesus. Vi a seguir um anjo, com uma missão da parte de Jesus, voando celeremente aos quatro anjos que tinham a obra a fazer na Terra, agitando para cima e para baixo alguma coisa que tinha na mão, e clamando com grande voz: ‘Segurai! Segurai! Segurai! até que os servos de Deus sejam selados na fronte!’” – Primeiros Escritos, 38.
Estas são cenas da mesma visão recebida pelo apóstolo João e registradas em Apocalipse 7:1-3:
“Depois disto vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da Terra, conservando seguros os quatro ventos da Terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar nem sobre árvore alguma.
Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em grande voz aos quatro anjos, àqueles aos quais fora dado fazer dano à terra, e ao mar, dizendo:
Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos em suas frontes os servos do nosso Deus.”
“Esses ventos estão sendo controlados, até que Deus dê a ordem para serem soltos. Nisto está a segurança da Igreja de Deus. Os anjos de Deus obedecem às Suas ordens, controlando os ventos da Terra, para que não soprem sobre a terra, nem ao mar, nem nas árvores, até que os servos de Deus sejam assinalados na fronte.” – Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, 444.
PARA REFLETIR
A última geração de salvos viverá sem Mediador, portanto, também sem pecar, você está se preparando para isso?
2. As sete pragas
Esses ventos logo serão soltos, pois o Tempo da Graça está a terminar. Deus tem pressa em resgatar o Seu povo, quando então, o zelo por Sua santidade se mostrará àqueles que ainda zombam de Sua glória.
“Estamos no limiar da crise dos séculos. […] O anjo de misericórdia não pode ficar muito tempo mais a proteger o impenitente.” – Profetas e Reis, 278.
“Vi que os quatro anjos segurariam os quatro ventos (Apocalipse 7:1-3) até que a obra de Jesus estivesse terminada no santuário, e então viriam as sete últimas pragas.” – Primeiros Escritos, 36.
“Era impossível serem derramadas as pragas enquanto Jesus oficiava no santuário; mas, terminando ali a Sua obra, e encerrando-se a Sua intercessão, nada havia para deter a ira de Deus, e ela irrompeu com fúria sobre a cabeça desabrigada do pecador culpa- do, que desdenhou a salvação e odiou a correção.” – Primeiros Escritos, 280.
As Sete Pragas são figuras dos juízos de Deus a se abater sobre os Seus inimigos. Temos a seguir um resumo do derramamento das Sete Pragas e sobre quem elas serão derramadas:
“Vi no Céu outro sinal grande e admirável, sete anjos, tendo os sete últimos flagelos, pois com estes se consumou a cólera de Deus. […]
Depois destas cousas olhei, e abriu-se no céu o santuário do tabernáculo do testemunho, e os sete anjos que tinham os sete flagelos saíram do santuário, vestidos de linho puro e resplandecente, e cingidos no peito com cintas de ouro.
Então um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da cólera de Deus, que vive pelos séculos dos séculos.
O santuário se encheu de fumaça, procedente da glória de Deus e do Seu poder, e ninguém podia penetrar no santuário, enquanto não se cumprissem os sete flagelos dos sete anjos.” – Apocalipse 15:1, 5-8.
Encontramos os Sete Flagelos no capítulo 16 de Apocalipse, que são derramados na ordem que se segue:
- Na Terra, ferindo com úlceras os portadores da marca da besta (16:2);
- No mar (água salgada) tornando sua água em sangue (16:3);
- Nos rios e fontes (água doce) tornando-se sangue (16:4);
- Sobre o sol, que abrasa os homens como fogo (16:8);
- Sobre o trono da besta, cujo reino se tornou em trevas e grande sofrimento (16:l0);
- Sobre o rio Eufrates, que se seca, e os três espíritos imundos promovem o Armagedon (16:12);
- Sobre o ar, provocando relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e saraivada (16:17-21).
Pelo que podemos observar, seria impossível que algumas dessas pragas pudessem ocorrer de forma literal; também há uma ausência de argumentos no Espírito de Profecia quanto à literalidade das Sete Pragas. Mesmo assim, podemos perceber que as pragas podem ter sido apresentadas de forma simbólica, mas seus efeitos são literais.
PARA REFLETIR
Você está pronto para identificar as pragas quando estas ocorrerem, ou este é um trabalho para o seu pastor?
3. A reação dos ímpios
Sem o Espírito Santo de Deus a trabalhar no coração dos homens ímpios, os sofrimentos apenas lhes aumentam a amargura da alma e blasfemam contra Deus. Vendo ainda estes que o povo de Deus está sendo poupado, responsabilizam-no por estes flagelos e se lançam em sua perseguição.
“Os que honram a lei de Deus têm sido acusados de acarretar juízos sobre o mundo, e serão considerados como a causa das terríveis convulsões da Natureza, da contenda e carnificina entre os homens, coisas que estão enchendo a Terra de pavor. O poder que acompanha a última advertência enraiveceu os ímpios; sua cólera acende-se contra todos os que receberam a mensagem, e Satanás incitará com maior intensidade ainda o espírito de ódio e perseguição.” – O Grande Conflito, 614.
“Como o sábado se tornou o ponto especial de controvérsia por toda a cristandade, e as autoridades religiosas e seculares se combinaram para impor a observância do domingo, a recusa persistente de uma pequena minoria em ceder à exigência popular, fará com que esta minoria seja objeto de ódio universal. Insistir-se-á em que os poucos que permanecem em oposição a uma instituição da igreja e lei do Estado, não devem ser tolerados; que é melhor que eles sofram do que nações inteiras sejam lançadas em confusão e ilegalidade. O mesmo argumento, há mil e oitocentos anos, foi aduzido contra Cristo pelos “príncipes do povo”. “Convém”, disse o astucioso Caifás, “que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação.” João 11:50. Este argumento parecerá conclusivo; e expedir-se-á, por fim, um decreto contra os que santificam o sábado do quarto mandamento, denunciando-os como merecedores do mais severo castigo, e dando ao povo liberdade para, depois de certo tempo, matá-los. O romanismo no Velho Mundo, e o protestantismo apóstata no Novo, adotarão uma conduta idêntica para com aqueles que honram todos os preceitos divinos.” – O Grande Conflito, 615.
PARA REFLETIR
O que você considera mais ameaçador: as desgraças a sobrevir ao mundo, ou a reação irada dos ímpios?
4. Tarde demais!
A separação entre o povo de Deus e seus amigos e familiares será dramática. Alguns destes, percebendo que estávamos certo quanto às profecias, buscarão desesperadamente o nosso auxílio, mas nessa hora já não poderemos mais fazer nada por eles. Será uma triste separação. Os textos que se seguem falam de um difícil momento, e cortará uma vez mais o nosso coração.
“Vi então Jesus depor Suas vestes sacerdotais e envergar Seus mais régios trajes. Sobre sua cabeça estavam muitas coroas, estando uma coroa dentro da outra. Cercado pela hoste angélica, deixou o Céu. As pragas estavam caindo sobre os habitantes da Terra. Alguns estavam acusando a Deus e amaldiçoando-O. Outros precipitavam-se para o povo de Deus e pediam que lhes ensinassem como poderiam escapar dos Seus juízos. Mas os santos nada tinham para eles. A última lágrima pelos pecadores tinha sido derramada; oferecida havia sido a última oração aflita; arrostado o último peso de cuidados pelos pecadores, e dada a última advertência. A doce voz de mi- sericórdia não mais os deveria convidar. Quando os santos e o Céu todo estavam interessados em sua salvação, não tinham eles nenhum interesse por si. A vida e a morte tinham sido postas diante deles. Muitos desejavam a vida, mas não faziam esforços para obtê-la. Não optavam pela vida, e agora não havia sangue expiatório para purificar o culpado, nenhum Salvador compassivo para pleitear a favor deles e clamar: ‘Poupa, poupa o pecador por mais algum tempo.’ O Céu todo se uniu a Jesus quando ouviu as terríveis palavras: ‘Está feito. Está consumado’.” – Primeiros Escritos, 281.
“Naquele dia, multidões desejarão o abrigo da misericórdia de Deus, abrigo que durante tanto tempo desprezaram. “Eis que vêm dias, diz o Senhor Jeová, em que enviarei fome sobre a Terra, não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. E irão vagabundos de um mar até outro mar e do Norte até ao Oriente; correrão por toda a parte, buscando a Palavra do Senhor, e não a acharão.” Amós 8:11 e 12.” – O Grande Conflito, 629.
“O plano da salvação se havia cumprido, mas poucos tinham escolhido fazer aceitação do mesmo. E, silenciando-se a doce voz de misericórdia, o medo de horror apoderou-se dos ímpios. Com terrível clareza ouviram as palavras: ‘Demasiado tarde! Demasiado tarde!’” – Primeiros Escritos, 281.
Conclusão
Nesta hora de prova o povo do Senhor perceberá o quanto valeu a pena ter passado por tanto sofrimento e angústia, o quanto valeu a pena ter passado por todo o escárnio, zombaria e desprezo por amor a Jesus Cristo.
“Enquanto os ímpios estão a morrer de fome e pestilências, os anjos protegerão os justos, suprindo-lhes as necessidades. Para aquele que “anda em justiça” é esta promessa: “O seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas. Os aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de sede; mas Eu, o Senhor os ouvirei, Eu o Deus de Israel, os não desampararei.” Isa. 33:16; 41:17.” – O Grande Conflito, 629.
Para aqueles que já estão passando por grande angústia e desespero o Senhor Deus fala com ternura:
“Não temas, porque Eu Sou contigo; não te assombres, porque Eu Sou o teu Deus; Eu te fortaleço e te ajudo, e te sustento com a Minha destra fiel.” – Isaías, 41:10.
PARA REFLETIR
Há alguém do outro lado a quem você gostaria de resgatar? Como equilibrar temor e fé?