A maneira como Deus orientou a organização da antiga nação de Israel, permaneceu inconfundível por sua eficiência e objetividade, e ainda hoje, três mil e quinhentos anos depois, impressiona por sua eficácia e propósitos alcançados.
Dirigir uma congregação com mais de dois milhões de pessoas através de um deserto, não era uma tarefa fácil; entretanto, Moisés conseguiu realizá-la. Não apenas porque fora o homem escolhido por Deus para tal missão, mas, principalmente, porque tivera a humildade de ouvir a inspirada orientação de seu sogro Jetro. Um homem que jamais teve a colossal estatura do libertador de Israel, mas que tinha um conselho que vinha de Deus. Ele disse: “Escolhe entre o povo homens… e os coloque como líderes de mil, líderes de cem, líderes de cinquenta e líderes de dez” (Êxodo 8:2). E concluiu com uma previsão otimista: “Se isto fizeres… poderás então suportar a tensão, e também todo este povo voltará em paz para o seu lugar” (Êxodo 18:21, 23). Era plantada neste momento a semente do que hoje chamamos de Pequenos Grupos.
Moisés aceitou e seguiu este plano que permaneceu muito além de seu tempo e se demonstrou eficiente e adequado às mais variadas situações:
- Às tribos organizadas em torno do tabernáculo (Números 2:31-33);
- Ao exército arregimentado para a guerra (Josué 4:8-13);
- Ao período do exílio da nação de Israel (Daniel 2:49; 4:30);
- À reconstrução do muro de Jerusalém (Neemias 3:5), etc.
Quando o Filho de Deus Se fez carne e habitou entre nós cheio de graça e de verdade, ungido pelo Espírito Santo, não Lhe ocorreu idéia melhor do que formar um grupo pequeno de doze pessoas para iniciar Sua igreja. Ele foi apenas coerente: o que ensinou a Moisés, também o praticou.
E quando chegara o momento de Jesus voltar ao Céu, os discípulos demonstraram já haver entendido este poderoso plano de Deus para a igreja:
“Ao tempo designado, cerca de quinhentos crentes estavam reunidos em pequenos grupos na encosta da montanha, ansiosos por saber tudo quanto fosse possível. […] Os discípulos passavam de grupo em grupo, dizendo tudo quanto haviam visto e ouvido do Salvador. […] De súbito, achou-Se Jesus no meio deles.” – O Desejado de Todas as Nações, 818 (Negritos acrescentados).
Este é um texto da Revelação muito intencional e esclarecedor, e também impressionante, como se o profeta soubesse, no caso Ellen White, que essas suas palavras seriam úteis e necessárias no futuro da Igreja Remanescente.
A Igreja Cristã Primitiva nasceu e se desenvolveu em grupos pequenos. A antiga estratégia dera resultado, e a igreja crescia não somente em números, mas também em qualidade, sendo “um o coração e alma dos que criam” (Atos 4:32). E “perseveravam unânimes […] partindo o pão de casa em casa” (Atos 2:46); a exemplo do que ocorria na casa de Áquila e Priscila (1 Coríntios 16:19), na casa de Ninfa (Colossenses 4:15), na casa de Filemom (Filemom 1-2), e em vários outros lugares. E o que é mais importante: “Não havia entre eles necessitado” (Atos 4:34).
Assim como a Igreja Primitiva, a Igreja Adventista do Sétimo Dia também nasceu e se desenvolveu em grupos pequenos. Os lares dos pioneiros eram, geralmente, os lugares onde os irmãos se reuniam e foram, durante muitos anos, o centro de suas atividades religiosas.
Novamente Deus procurou deixar claro que, não havia mudado de opinião em relação ao Seu original programa de desenvolvimento para a igreja. E o Espírito de Profecia, no seu papel de consolidar as verdades estabelecidas, confirma os Pequenos Grupos como um tipo de “Plano de Deus para Todos os Tempos”.
Ellen White escreveu:
“A formação de pequenos grupos como base do esforço cristão, foi-me mostrado por Um que não pode errar.” Serviço Cristão, 72.
Mesmo com o grande crescimento da igreja, esse plano não deveria ser esquecido. Muito mais agora, quando a complexidade da vida moderna exige grandes congregações, quando muitos membros têm dificuldade de se deslocarem até sua igreja, porque moram distante, ou mesmo por questão de tempo e segurança, sentem-se isolados e desencorajados para comungar com seus irmãos e testemunhar de sua fé. Mas certamente reagiriam de forma diferente se experimentassem o que Deus recomenda para Sua igreja, agora:
Juntem-se pequenos grupos no início da noite, ao meio-dia, ou cedo de manhã, para estudar a Bíblia. Observem então um período de oração para que fiquem fortalecidos, esclarecidos e santificados pelo Espírito Santo.
Esse trabalho deseja Cristo ver realizado no coração de cada obreiro. Se abrirmos a porta, uma grande bênção vos virá. Anjos de Deus estarão em nossa reunião. Seremos alimentados com as folhas da árvore da vida.
Que testemunhos podem ser dados dessa amável convivência entre os colegas de trabalho, nesses preciosos períodos quando estão buscando as bênçãos de Deus! Cada um apresente sua experiência com palavras simples. Isso trará mais conforto e alegria a alma do que a mais agradável música instrumental pode trazer nas igrejas. Cristo virá ao nosso coração. Essa é a única maneira de manter nossa integridade. ” Testemunhos para a Igreja 7, 195.
Tal orientação divina dispensa palavras humanas, mas exige compromisso. Se agora mesmo, cada membro e cada igreja aceitar este desafio de Deus, logo estaremos prontos para o dia maravilhoso de Sua volta.